Para Amanda e Maria Luiza, que estão chegando.
Abre os olhos, minha menina. Se eu te abraço forte assim, é vontade de te contar dos tormentos todos que meu coração abriga. Teus olhos de estrelas, como besourinhos no céu, enfeitam todo o meu quarto, quando te observo em cima da estante, brincando com teus pensamentos de uma fábula qualquer.
Teve um tempo bom, onde você me arrastava para o teu mundo de paz, cheio de coisinhas, palavras mansas, pincéis, doces, caras lambuzadas e sorrisos banguelas. Sorrisos sapecas. Lindos. Você cuidava de mim e eu de você. Lembra que era bom? Aí eu te largava, às vezes, e você ficava lá, na tua pose serena que ninguém percebia diferente, só eu. Eu que chegava do passeio me desculpando por ter te esquecido e te convidando a dormir agarrada comigo, fazendo um pouquinho de luz no quarto escuro que eu não gostava tanto assim.
Desatenção tua, menina, quando você me sorriu. Você no seu vestidinho de pétalas, e com os cachos soltos, do jeito que eu mais gostava de ver. Milimetricamente encoberta de encantos, você ia lá e brilhava. Eu sorria dessa gente grande que não te percebia. Imagina se eles acreditariam em mim? A verdade é que eu gostava da nossa cumplicidade. O mundo carrancudo do lado de lá, e você em poesia junto a mim.
Você é toda arco-íris. Era teu efeito mais belo em nossa casinha de cobertor. Criávamos tantos contos, ali. Nem tinha bruxa. Era só faz-de-conta. Eu era fada, princesa, bailarina, camponesa. Você que inventava pra mim. Era minha. Mesmo em castelo, casinha de sapê, caixinha de música. Eu sorria com meus dentes que faltavam, e lembrava dos nossos planos de fugir para a terra do nunca. Você dizia que ia ser amiga de Sininho. Eu dizia que ia aprender a voar. Já pensou encontrar Papai do Céu?
Um dia, à noite, eu nunca vou esquecer. Planejamos roubar uma estrela. Mas eram tantos obstáculos, e o céu era tão infinito, que eu te desenhei um par de asas. Você teve medo, mas alçou vôo por minha causa. Trouxe a estrela. Eu nem acreditava. Segredo nosso, menina, guardo ela comigo ainda hoje.
Aí a gente brincava. Agora eu era sua mãe. Te molhei, sem nem lembrar dos teus panos. Você ficou pendurada lá no quintal, tomando sol. Quanta trapalhada minha! E no dia em que rasguei teu joelho? Fiquei triste. Mas vovó te fez bonita, outra vez. E você ganhou um vestido novo.
Aconteceu que eu fui crescendo. Você é que tem sorte de poder servir de macio para outros braços. Ter outros carinhos de lua. Mostrar teus olhinhos de vaga-lume em troca de gargalhadas gostosas. Eu sou grata a você, por ter deixado comigo lápis de cor e música. Nem me perco, assim.
Sabe, tem um moço de olhos claros, que canta o que eu penso da nossa história. Ele diz que no tempo da maldade, a gente nem tinha nascido. Não tinha mesmo, não. E o mundo ainda é doce, menina. No parque de diversões, te dou uma maçã do amor. Depois tiro uma foto do teu rosto melecado, e faço moldura em flor. Você.
Eu só queria um pedido, hoje. Daqui uns dias, dois pontinhos novos serão estrelas no meu céu. Vira bússola delas? Explica da mágica. Do bom de não entender. Deixa que elas se vistam da tua redoma. Poesia. Boneca de pano. Cintilar de você, elas carregarão.
Agora vai dormir, pequena. Te entrego uma canção de ninar.
Ai, Jaya...
ResponderExcluirFiquei aqui toda arrepiada... lembrando das minhas bonecas, dos meus sonhos de menina... e pensando que as meninas de hoje têm tão pouco disso...
Parabéns pra você que teve infância, e parabéns às duas que estão chegando. Que as mamães tenham sabedoria para deixá-las serem crianças...
Beijão!!!
E tenho que dizer, a sutileza das suas referências musicais, me encanta. Profundamente.
ResponderExcluirainnnnnnn
ResponderExcluirnão tem texto mais fofo que os seus. naum temmmmm
e esse é um dos mais cute-cutesss
=*
Menina, amanhã tem o "enterro" do aeroporto. Parece que algo vai se resolver, a ANAC adiou a suspensão dos vôos por instrumentos, mas a TAM e a GOL que já tinham cancelado os vôos mantiveram o cancelamento. Sei lá até onde isso vai...
ResponderExcluirTorce por nós aí.
Bjooooo
Menina, que delícia que é te ler!!!
ResponderExcluirObrigada pela visita nos meus rastros... espero que não se importe, mas te linkei ;-)
Beijos e mais beijos...
Que coisa boa é estar aqui tbm :-)
ResponderExcluirTroca gostosa de sentimentos e sensações...
Beijo e mais beijos...
Nossa, jaya, eu gostaria de saber escrever coisas belas assim. Seus textos as vezes me parecem luz em meio a escuridão. A luz de uma estrela vespertina que espanta as trevas de minha alma.
ResponderExcluirSeus textos tem magia, e como eu já lhe disse mais de uma vez, me lembram muito meus tempos de criança, quando eu me deliciava com os textos de Cecília Meireles.
Me lembra um pouco Tolkien também, em seus primeiros escritos, antes dele se tornar um escritor mais soturno, tal como eu acabei também me tornando.
Me parece que uma luz irradia de ti quando tu escreves essas coisas linda, que me fazem me lembrar de coisas belas e juvenis.
Sinceramente, eu não tenho palavras para descrever seus textos, são lindos, maravilhosos, e mesmo assim todos esse adjetivos me parecem pequenos para tamanha beleza.
Tu deverias escrever um livro com esses seus textos, e nos agraciar com a sua arte.
Eu vos dou os parabéns por esse tão belo texto, que por muito pouco não me fez chorar, embora tenha me feito sorrir por dentro.
Um grande abraço,
Átila Siqueira.
jaya, querida. vem tanta imagem na minha cabeça qdo vc escolhe tanta palavra bonita pra dar sentido a essas coisas que pouca gente lembra... saudade daqui!.
ResponderExcluirbj
Lindo poost!!!
ResponderExcluirBeijos
Precisamos mesmo de sensações como as que você descreve, Jaya! "O mundo carrancudo do lado de lá, e você em poesia junto a mim."
ResponderExcluirPerfeito!
Bjooooooooo!!!!!!!!!
Você, sempre com suas lindas palavaras, enchem meu coração de muita energia, paz, amor e felicidade.
ResponderExcluirAmo vc demais. AMAMOS.
Jaya,
ResponderExcluirQue baile de emoções me envolveu enquanto eu lia. Lindo demais!!!
Beijos e ótima semana!
Tuas palavras são como música de ninar.
ResponderExcluirTão doce.
Beijo meu
isso, de tu, Jaya, me fez sal nos olhos.
ResponderExcluirainda que tenha começado correr ontem, com aqueles barbudos quatro no show último, parece que ainda tem um rio de-mim, pra correr pra fora.
tens açúcar, nas palavras. e confeitos, coloridos. te ler, é bom demais na vida todatodinha.
e esse continho, mais último. ah, é bom ler.! me lembra o amor meu de uma boneca-de-pano-menina, que é o amôr de criança que mais me encanta a vida.
~~*
explico: estou em tempos de internalizar. o que escrevo, é visceral. que deixar para o mundo, era mostrar a minha carne mais frágil. era pedir pra sangrar.
as palavras pro mundo de vidro vão voltar, eu sei que vão.
Ai isso me lembrou tantos os contos de fada que eu assistia na infãncia, das minha bonecas que eram as minhas eternas companheiras.
ResponderExcluirImagina que criança fofa você não foi, queria ter sido sua amiga naquela época.
Saudades imensas de passar por aqui, a vida anda uma correria do tamanho do mundo, trabalho, pré-tcc e muito mais.
Vou tentar aparecer aqui mais vezes, me faz um bem danado.
:*
*ainda vou fazer fotos inspiradas nesses seus textos, jaya :)
ResponderExcluirAi, que agora você quebrou as minhas pernas.
ResponderExcluirNossa, estou com olhos cheios d´água, moça.
Você me fez acessar lembranças que há muito não vinham à tona; mas lembranças boas, de uma época perfeita, onde tudo era magia, simplesmente.
Lindo demais.
E minha avó me fez uma boneca de pano também, a Emília!
Ainda tenho ela, minha filha vai herdar.
Bom demais te ler e reler e reler.
Meu diz fica muito mais feliz com teus textos!
Beijos.
você é uma poetisa nata =]
ResponderExcluirobrigada por visitar a minha primavera,viu?
teu texto,qualquer comentário é pouco..mas n posso deixar de dizr que é lindo,lindo!!
Ah poisé,eu notei nossas estações são parecidas então :*
bejinhus jaya
Nooooooooooossa!! Se for pra sumir por POUCO tempo e voltar com textos assim...some de novo mais um tempinho!!!hahahahahahaha
ResponderExcluirBrincadeira!!Volte todo dia, pq sei que tem muita sabedoria nessa cabecinha pra escrever textos como esse DIARIAMENTE!!!!
Um beijo!
Jaya!
ResponderExcluirBom saber que não era só eu que queria ir para a terra do Nunca com uma amiga do peito.
Que tal marcamos um encontro por lá?
Assim a gente nunca cresce e pode roubar estrelas no caminho.
A parte boa dos anos é a herança de sonhos que a gente canta para quem vem depois. E vc faz isso muito bem.
Beijos!
Que lindo...quanta do�ura ente essas letras...
ResponderExcluirEu sempre gostei de bonecas, criava um mundo particular com elas tb�m, cheio de magia e encantamentos...pra ser sincera gosto at� hj, tanto que se meu beb� for uma menina a decora�o do quartinho ser� com bonecas de pano.
Bjinhos!
Nossa, a influência da música Um filho que eu quero ter, do Chico/Toquinho e Vinicius, se não foi consciente, eu não sei mais de nada. rs. Lindo, lindo texto. De nos deixar com os olhos sorridentes.
ResponderExcluirQuanto à minha tríade... menina, tás por dentro mesmo. Quando tomares gosto pelo Saramago, lê tbm As Intermitências da Morte. É maravilhoso.
Bjs, linda.
Ser criança era tão bom né!
ResponderExcluirQuem me derá poder voltar no tempo!
Lindo texto!
Beijo
Jaya,
ResponderExcluirnão cabe a mim falar de bonecas; minha infância não teve dessas coisas, rs. No entanto, sou cúmplice nessa singela da criancice, quando a gente pintava o mundo à nossa maneira e os adultos não faziam a menor diferença. Sei que você trouxe a boneca como um símbolo de tempo bom, lembranças, sonhos de um passado que não volta, mas revira e vive ainda no canto do peito. Essa boneca eu tenho comigo também.
É isso. Bonitos são seus versos, baiana. Já é parte de você esse açúcar. E, cá pra nós, um açúcar que não enjoa nunca, rs.
Beijo.
Bah guria, que texto forte. Eu já havia lido alguns do mesmo gênero, mas não tão... tão... Não dá pra explicar.
ResponderExcluirAdorei!!!
ResponderExcluirLindo Blog... fiquei sinceramente e realmente emocionada, viu?
Show!!!
Bjos
Minha primeira visita ao seu blog e inigualável surpresa. Belo texto, tremendamente doce. Me deu até saudades da infância.
ResponderExcluirAté a próxima visita, o que é certo!
Beijo.
Adoros seus textos. Lindos, sutis, me emocionam.
ResponderExcluirLembrei da minha infância... saudades...
;}
Esse texto lindo me causou uma mistura enorme de sentimentos! A nostalgia ao lembrar de quando eu e meus irmãos éramos menores, e a alegria de ter tido momentos como esses, tão lindos e felizes.
ResponderExcluir"Um dia, à noite, eu nunca vou esquecer. Planejamos roubar uma estrela. Mas eram tantos obstáculos, e o céu era tão infinito, que eu te desenhei um par de asas. Você teve medo, mas alçou vôo por minha causa. Trouxe a estrela. Eu nem acreditava. Segredo nosso, menina, guardo ela comigo ainda hoje."
Achei lindo, me tocou.
moça, que texto delicioso.
ResponderExcluirbeijão
Saudade de você, doce Jaya. Beijossssssss
ResponderExcluirA vantagem de te ler - e reler - é que as surpresas nunca deixam de ser e os suspiros nunca se cansam de aparecer.
ResponderExcluirVocê torna poesia tudo que escreve.
achei a menina linda.
ResponderExcluiracho que tu, me faz sempre lembrar de coisas bôas, assim, quase sem querer.
suspirar, pode.?
~*
veio o respiro, e - não conte a ninguém.! - um pouco quis postar por essa eterna troca, com tu. de poucas palavras, e muitas idas, e vindas.
é assim.
beijo.
huhuhu, olha o que eu descobri:
ResponderExcluirhttp://flor-brincandodeserfeliz.blogspot.com/
Irmã gêmea do seu blog!
Beijo
Perfeita a sutileza do teu texto.
ResponderExcluir*Me sinto um bagaço quando chego aqui e percebo que você teve que mudar o nome do meu blog outra vez.
bjO
;/
Sim, esquecii
ResponderExcluirLiinda a pirra lá no cabeçalho.
(:
Menina,
ResponderExcluirDesculpa pelo folga tão grande, ando relapso e não é bom respirar a poesia dos outros sem estar realmente preparado pra isso. Acho até falta de educação ler e falar algo sem sentir de verdade cada palavra antes disso.
A respeito do teu comentário... Eu, sinceramente, não sei o que te dizer. Queria dizer sim mais do que obrigado: dizer que me sinto lisonjeado, e até comovido com tamanha identificação da tua parte... Minhas escritas são meios, não fins. Fico feliz ao saber que tu conseguiu andar pelos caminhos confusos que, às vezes, chegam a ser perturbadores.
Enfim. Obrigado, mesmo.
Agora teu texto:
Tua poesia é incrivelmente delicada. É lindo, mesmo. Tem um quê de infantil,inocente, leve.
À primeira vista estranhei: achei superficial demais. Mas depois não tem como não perceber à mágica que vem das palavras e que faz a gente enxergar o quão profundas elas são.
Apesar de eu me afeiçoar mais com as palavras fortes e as histórias dramáticas e intensas, teu texto me deixou a sensação de leveza, e eu lembrei até do Pequeno Príncipe. :)
Parabéns.
Ah Jaya!e como eu esperei pra ter você no meu jardim =]
ResponderExcluirsério.e um brinde de café p comemorar =]
flores
uai.
ResponderExcluirquéde o post mais novo.?
Que maravilha, você se borra
ResponderExcluirdentro de uma fantasia colorida
e poética, simples e linda.
Me lembra demais Alíce no Pais das Maravilhas do Lewis Carroll, essa sua inocência que por vezes se altera e me leva a lugares onde o céu é mais azul que nos contos.
Você brinca, e me leva contigo.
Beijo's querida,
Como você é chata ¬¬
ResponderExcluirUai, Jaya.
ResponderExcluirAchei que tinha post novo aqui.
Beijosssss
Vixe, você me fez chorar... Que coisa mais linda, lembrei da minha infância!
ResponderExcluirQuanta poesia no teu olhar, sorte a minha pousar aqui... Os pontinhos que vão chegar, abençoados são de serem apresentados a toda essa magia de criança, bem cuidados pela menina de pano, certamente!
Beijo grande!!!
sumiu o posta, a jaya, tudo.
ResponderExcluiro mundo tá virando pó.
jaya,
ResponderExcluirbem logo eu te adiciono. meu mundo tá caindo.
mas ainda assim, cai belo. é um castelo de gelo, todinho. o céu é escuro, e negro. o castelo se desfaz. mas, é de mim estrelas. num sobra pedaço, só luz.
mas, a lágrima ainda é muita.
~~*
muito esperei tua palavra chegar, me fazia preocupada.
acho que
te gosto.
um beijo.
é Jaya..
ResponderExcluirquanto mais leio os teus textos, percebo que tu tens o dom de encantar!