outras páginas.

Casa Pré-Fabricada

E fazer do teu sorriso um abrigo.

[Casa Pré-fabricada - Marcelo Camelo]

Sentada nessa grama verde, cercada por esse riacho, brinco com teus cabelos enquanto a brisa envia seus suspirinhos. O céu, tal qual um manto azulado, transforma-se em redoma desse nosso querer-bem.

- Me dá um abraço?

- Claro.

Descubro você em mim, nesse gesto. Vai ver eu sempre te escrevi assim, do meu jeito descuidado. Talvez você já fosse coisa minha. E eu fui te vestindo com essa poesia despretensiosa, que num ato involuntário, vai colando teus versos nos meus. Eles se encontram. Música aparece. A letra só você lê.

As borboletas azuis parecem habitar em mim, agora. A alma desabrocha em flor, quase sem querer, e eu vou te guardando aqui, como se guarda uma carta-amuleto no móvel mais antigo, junto com uma pétala perfumada. Mania minha, te enxergo com esse olhar de pesquisa. Você vai me observando com esse olhar de você. Olhos suaves, os teus. Entendem tanto de mim. Sorrio.

- O fato de te entregar meu sorriso quase diariamente, já é permissão pra chamar ele de teu.

De repente nota-se um abrir de janelas dessa casa pré-fabricada. Do lado de fora tem você fazendo arco-íris. Dos nossos armários de queixumes, manhas e desencontros, sobra agora essa poesia displicente que vai sendo sossego, unção, estrada única. Escancaro as portas. Capturo delícias no ar em cada palavra solta que se enfeita em nosso quintal. De vez em quando acho que o sol se pôs em você.

- Tá aqui, minha mão. Segura nela, pra passar o medo.

- Posso apertar?

- Pode, mas não aperta muito. Ou melhor, aperta, que é pro teu cheiro ficar grudado.


Como se mergulhasse nuvem adentro, você abraça minha mão e eu me embaraço, sem saber o que fazer. O rubor toma conta da minha face, enquanto você diz que minhas palavras te botam do avesso. É que a cada vez que a gente costura uma conversa sem pressa, acabo deixando meu sono se embalar no carinho dos teus braços. Você aproveita e me conta do teu coração desgovernado, e eu nem ligo em me fazer bailarina, nessa hora. Culpa dos teus gestos que me descerram. Meu medo é me confundir nessa dança. Mas com você, assim, os ritmos se fundem de maneira que até passos atropelados parecem certos. É bonito o descompasso.

Daqui vejo nascer essa fábula, reticente e confusa. Lido com sintomas que já me bagunçaram, e acabo me perdendo nos teus confins. Fico lembrando da nossa visita às estrelas, que não aconteceu. E daqui dessa outra janela, a lua, toda prateada, fica desenhando você num sorriso reluzente. Nessa hora o pensamento brinca de encontrar o teu. De interrogar se você, aí da sua janela, nota a mesma lua, enfeitada de luz, e resolve compartilhar com ela teus desvarios meus.

Poesia minha, você é.

Comentários

  1. Tua poesia cai bailando das estrelas que pendem da noite, do sol que se debruça na janela do céu azul; como encanta!

    Jaya quando sair seu Livro me avise, ok? Sou seu fã e adoraria ser seu amigo também.

    Abraço,

    R.Vinicius

    ResponderExcluir
  2. eu acho que não sei,mas eu me encanto contigo.ou é impressão minha?

    -das minhas manias,a do espelho é capenga,mas n dá mulher é bixo vaidoso mesmo.uashuash


    flores.

    ResponderExcluir
  3. :)
    Jaya, meu único lamento é não ter tanto tempo pra vir varrar todos seus posts. Nas férias é o meu plano.

    Li estes dois últimos posts...não tenho mtas palavras. Venho me encantando sempre com suas palavras.

    Um grande abraço pra menina da Bahia
    Bjo da capixaba!! :*

    ResponderExcluir
  4. Jayaaaaa!
    Doçura tuas palavras. Olha só, que coisa doce escreveste.
    Puro encantamento.
    Eu reeditei o ping-pong. :)
    Grata pela visita.
    Abraços

    ResponderExcluir
  5. a casa.
    o carinho, vago.
    o mêdo.
    coisa tua.

    jaya. às vezes acho que a tua palavra me dá vontade de ir em frente, no meio do escuro-do-mundo.

    ResponderExcluir
  6. Ô Jaya, que lindinho esse texto. A suavidade nesse entrelaçar de carinhos me desarmou sabe. Uma sensação amorosa paira nesse texto. Nessa imensidão de palavras, senti-me mergulhado num oceano de afetos. A poética é tão doce e linda que sublima o coração numa alegria. E nos dá um contentamento tão gostoso.

    Seu texto fala de amor Jaya, e é isso que encanta. Essa troca de carinhos entre os dois, e apenas na sensação boa na presença ou em pequenos gestos são inteiramente apaixonantes. Nessas coisas simples que tu citas é possível encontrar tesouros de felicidade. São esses momentos tão raros, que se tornam tão procurados hoje em dia. Apesar do mundo não os conhecerem totalmente, as coisas essenciais são as que deixam realmente nosso rosto sorrindo e nossos olhos brilhando.

    Um texto pra eternizar. Pela poética tão bem colocada, é deveras lindo. Demais.

    Amei de coração Jaya. É um dos textos mais belos que já li que tu falas tão bem de sentimento e dessa reciprocidade.

    Grande beijo
    =**

    ResponderExcluir
  7. Mais um lindo texto, por uma linda escritora.
    Encantada, sempre.
    Ainda sem muita inspiração.
    Sorry.

    Beijos, querida.

    ResponderExcluir
  8. Oi, flor!

    Tenho que começar repetindo como teus comentários me fazem bem.
    Bom saber que a gente acaba se misturando nas emoções, né?

    E é verdade...teve um dia que fui muito feliz. Eu flutuei até um passado recente que me fazia rir à toa. Reencontrei um querido, e acho que agora vou tê-lo sempre por perto.

    Mas parece que o universo quer sempre balancear as coisas. Comecei a achar verdadeiro o que ele (meu querido do último post) me disse um dia: que ninguém pode ser tão feliz assim todo o tempo.
    O universo agiu assim comigo...tô assim, vamos dizer, "down".
    Mas isso é história pra um outro post (ou pra um tão desejado encontro pelo messenger, né?).

    Espero que vc apresente sua monografia lindamente e que dance prazerosamente na frente da banca examinadora (ia ser divertido ver isso...rs!).
    Vai dar tudo certo, viu?
    E logo, logo a gente se fala direitinho.

    E, por fim, tenho que falar do seu texto, desse quadro lindo que pintaste. Vi cores, ouvi músicas e senti uma serenidade que tava precisando.

    Obrigada pela doçura, sempre!
    Beijo, beijo, beijo! :)

    ResponderExcluir
  9. Só com teus textos, pra me levar pra esse lugar imaginario onde é bom correr e sentir a brisa e a luz do sol na cara.... Uma enorme sensação de bem estar!


    Bjos e td de bom!

    ResponderExcluir
  10. Muito bom ter tempo pra voltar a te ler!!!


    Beijo!

    ResponderExcluir
  11. Tuas poesias são sempre tão gostosas de se ler...

    "- O fato de te entregar meu sorriso quase diariamente, já é permissão pra chamar ele de teu."
    É verdade... Tem uma hora que a gente se sente tãoo "de" alguém!

    Beijão

    ResponderExcluir
  12. Nunca sei o que falar de seus textos, apenas que são lindos, me encantam. São gostosos de ler.


    "- O fato de te entregar meu sorriso quase diariamente, já é permissão pra chamar ele de teu."

    "perta, que é pro teu cheiro ficar grudado."


    Trechinhos que me encantaram muito ^^


    Beijos
    =***

    ResponderExcluir
  13. Lindo, lindo! me deixei embalar na sua poesia!
    Que gostosa de sentir!!!

    bjos!

    Ps. Já tem textinho novo lá!!! que bom que gostou de lá! volte sempre viu!!

    ResponderExcluir
  14. Docemente se desenha os traços, ouve-se o barulho leve e sonolento do riacho a correr...

    Doces palavras, de dias se sonho onde a descrição vem da alma...

    Doce doce... e belas palavras...

    :*

    ResponderExcluir
  15. esse texto - alias tds os seus - tem um lirismo taum bom. parece q a vida eh mais boa...
    parece q vai virar filme a qq instante... aki num tem riacho calmo e poka grama, mas ainda fico esperando a brisa, essa confidente do meu coração - me enviar os seus suspiros.

    bjos

    ResponderExcluir
  16. Nem tem como não dizer que esse texto é teu. Os chavões e tudo mais. Beijo!

    ResponderExcluir
  17. Jaya como o seu próximo post foi um trecho do Garcia Marquez e não há como te mandar um oi por lá, aqui estou :)

    Gosto daquele trecho, gosto do livro. Li ele três vezes. =)
    Gosto mais desse livro dele que Cem Anos de Solidão. =)

    Como você está?

    Abraço,

    R.Vinicius

    ResponderExcluir
  18. É um quadro comovente de um dia, que termina com o olhar poético perdido nos mistérios da Lua, Jaya!
    Bjoooooooooooooooooo!!!!!!!!!!

    ResponderExcluir
  19. Que Lindo meu, que magia te leva a escrever coisas como essa?

    Beijo's

    ResponderExcluir
  20. Jaya, minha amiga querida, que coisa mais linda de se ler esse seu texto. Tu usas as palavras com maestria, e sabes disso. Adoro vir aqui ver-te versejar em prosa desse seu jeito tão delicado.

    Imaginei as mãos dadas, os reichos se entrelaçando entre os braços e as mãos que confiam uma na outra. Coisa mais meiga do mundo.

    Fitar a mesma lua, as mesmas estrelas, o mesmo céu, cada um de uma janela diferente, mas com o coração colado um no outro. Com o pensamento ali, sem se perderem mesmo frente a distância.

    Amei seu texto.

    Um grande abraço,
    Átila Siqueira.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Form for the Contact Page