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Jaya Magalhães

Eu nem vejo a hora de lhe dizer
aquilo tudo que eu decorei
e depois o beijo que eu já sonhei
você vai sentir, mas
por favor, não leve a mal
eu só quero que você me queira
não leve a mal.


[Ando meio desligado - Arnaldo Baptista/ Rita Lee/ Sergio Dias]

Chego em frente ao prédio, aperto o 212. Sobe, você diz.

Não subo. Não subo porque talvez eu acabe deixando nas escadas tudo o que quero entregar, já que não ando mesmo de elevador. Pensei que o ônibus nunca chegaria aqui. Os quinze minutos nunca foram tão longos. É que eu tava em casa e tá chovendo e as janelas estavam todas muito tristes e eu estava lendo um livro e me distraí olhando para a parede e comecei a lembrar de você. Tô falando muito e? Não importa. O fato é que te imaginei sozinho, meu par de brincos ao lado do telefone, e não quis te ligar porque não faço ligações com trovões e relâmpagos soltos por aí. Você ri. Te imaginei deitado no sofá com os pés para cima, pés cobertos por aquela meia branca que você usa quando faz frio. E de repente imaginar você me pareceu mais interessante que a leitura a ser feita. Eu não sabia o que fazer, desci e peguei um ônibus que me trouxesse até aqui. Não sei ainda ao certo o que quero dizer, apesar de já ter falado bastante. Continua me ouvindo. É só que, sabe? Você me complica. E me faz bem de um jeito tão tresloucado que eu só sinto vontade de te beijar. É como essa minha coisa boba de te apertar quando você sente raiva de alguma coisa. Gosto de quebrar tuas defesas e acho lindo o modo como você coça os cabelos e diz: fodeu! Provavelmente é o que você está pensando agora. E eu também. Cara, o que é que eu tô fazendo aqui, hein? Sim, continuo. Sei que você sabe que leio bulas de remédio e todos os manuais de lá de casa. Sei que acha bonitinha a forma como os papéis se enchem de estrelinhas mal desenhadas enquanto falo ao telefone. Eu dou risada quando você insiste em ler minhas mãos e conta de como nossas linhas são diferentes. E você fala do cheiro de canela que exalo, e depois desce a ladeira de um jeito tão bonito que eu penso que a cidade inteira foi construída só para caber você. E eu escrevo. E você me olha. Você morde a tampa da caneta e fala muito rápido quando me nota te olhando como se não houvesse mais nada a ser olhado no mundo todo. Não existe. Eu sorrio. Você sorri. E eu fico pensando em te chamar para sair porque parece que o inverno tá chegando depressa, cheio de ciúmes do outono. Eu canto músicas para você mesmo sem saber cantar. Você ouve porque é legal. Eu sei, não precisa dizer. Sim, aqui embaixo tá frio pra caralho. Não, não quero subir. Acontece que eu gesticulo muito enquanto converso com você e sempre preciso de uma coisa nas mãos. Você pergunta porquê. Digo: é a vontade de te tocar. Porque, baby, eu preciso muito tocar você. E talvez eu não conheça teu gosto, nem você o meu. A gente insiste. Seu rosto é lindo e você vive desenhando meu corpo em tuas retinas. E aí tem também a banda que passa cantando coisas de amor nessas madrugadas onde as noite ficam amarelinhas, e o amor nem é nosso, porque a gente não se ama. A gente não sabe se ama. Sei que gosto de como você tira sarro da minha lerdeza em fazer contas que nunca dão o resultado exato. E também que fica charmoso tentando me acalmar diante do meu nervosismo com qualquer avaliação. Acontece que já me acostumei a decifrar tua sobrancelha em pé a cada mentira mal disfarçada que finda numa gargalhada gostosa. Gosto de saber quais são as palavras que você mais usa. A cara que vai estar fazendo quando atender o telefone. A maneira como faz soar a campainha a cada vez que se anuncia. Detalhezinhos, baby. É como quando você usa aqueles óculos escuros e me deixa imaginando como estarão teus olhos naqueles instantes. E, além de tudo, eu penso muito em você. Quando eu como pimenta, quando minha mãe me liga aos domingos, quando leio Bukowski. Você é safado, sacana, sensível, sexy. Você me faz sofrer. E eu até gosto quando eu toco a porta do teu apartamento e você me observa pelo olho mágico me deixando sem graça por puro prazer em me ver tímida. E tem isso de você dormindo entre meus seios, esse cheiro que mora no meu colo quando você se esquece em mim. E aquele bêbado que casou a gente naquela praça cinza com uns anéis das latinhas de cerveja. Tem também o céu, tem o sol. Tem aquelas coisa escritas na parede do meu quarto, por você. Tem o seu casaco me protegendo do frio. Tem os abraços no cinema. Os amassos no cinema? É, verdade. E sim, tem o moço do sax com sotaque indecifrável desejando muita luz. Tem o jeito como você me puxa com as pernas, tua imagem fazendo carinho em meus olhos, aquela sacola de beijos lascivos que nunca acabam. Tem você fingindo não escutar minhas coisinhas de amor só para me ouvir repeti-las. Tem eu sorrindo de nada ao lembrar de você, gerando perguntas do tipo: do que você está rindo? Você é a maioria dos meus motivos. São os morangos nos bolos de chocolate que a gente promete nunca mais comprar. E de vez em quando eu fico assim, querendo fugir com você num vagão desses trens de carga, só para podermos conversar e sorrir e sonhar e realizar achando que ainda sonha. Porque é lindo você dormindo feito menino, e a maneira agridoce como acorda de madrugada e observa a lua escorregando em meu ventre enquanto buscamos o singular em meio às nossas pluralidades. Você cheirando meus cabelos, eu perdida em tua nuca. E eu vejo o amanhã e imagino a gente usando o banheiro de portas abertas. Não ri. Você me imagina fazendo café de calcinha e usando tua blusa? É exatamente isso. É deitar na cama, lado a lado, olhando para o teto, e trocar confidências do tipo: quantas pessoas já passaram por nossas camas e bobagenzinhas semelhantes que geram ciúmes infantis. E no dia seguinte, te beijar sem escovar os dentes. A gente poderia entender. Poderia se dar bem. E eu tenho medo, sabe? Mas de repente fica tão fácil ser eu, com você. É que eu chego a pensar em casamento. Chego a achar que isso tudo é pura vontade de Deus, dos Deuses, da natureza. Essa coisa toda. Calma, não surta. Quem tá aqui falando com uma parede e tomando chuva na calçada sou eu. Você não tá vendo a cara das pessoas que passam. Enfim. Muito provavelmente isso tudo seja também um estúpido engano de amor. Algo para zombar da poesia. E sim, é essa vontade de ser poeta, para te ter em versos. De ser desenhista, bailarina. E, ao mesmo tempo, desejar não ser quem sou, assim, louca, a ponto de te amar. É por aí. No mais, não sei, leia na minha camisa. Baby, baby, I love you...

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Um coração lascado
e duas doses de amor no chão.

Ele usava óculos. Sempre fui fissurada em caras que usam óculos. Mas não era só isso. Foi também o modo como ele se encostou no poste e a blusa xadrez por cima da calça surrada. Talvez tenha sido a maneira como segurava o cigarro entre os dedos compridos e a feição que sua boca adquiria a cada trago. A fumaça suspirada. A medida do Bonfim no pulso esquerdo.

Meus olhos se largaram nele e decidi que tinha de buscá-los. Nos encontramos então ali, no cruzamento daquelas duas avenidas que não se conhecem. Perguntei se ele tinha fogo. Tenho. Me acende. Acendeu. E o isqueiro vermelho virou brinquedo em suas mãos enquanto nos sentamos no meio-fio daquele boteco. As sobrancelhas dele me sorriam. Retribui. Conversamos vigiados por uma e outra janela das casas e edifícios ao redor. O céu era nublado. A bebida era gelada. O cigarro estava aceso.

Três batidas de limão depois, talvez ele começasse a me achar muito louca. Sexo, culturas fúteis, solidão, astrologia, eu não sei. Eu falava sem parar. Três batidas de limão depois e eu precisava de amor. Três batidas de limão, ele, eu e depois. Sorri pela primeira vez. Ele incomodava meus lábios.

Sem saber, eu já o imaginava tomando café encostado na cortina do meu quarto numa noite que ventaria muito. Eu me senti maior. Ou talvez o mundo tenha diminuído. Talvez, naquele instante, tenhamos descoberto nossos mundos. Numa vontade infantil, beijei-lhe as pálpebras. Os olhos castanhos desse rapaz começaram a me invadir. Gargalhei por dentro. Gargalhei da minha tentativa frustrada de esvaziar o mar com um balde furado. Era mais ou menos assim. Mais assim.

Numa conversa de perto, insustentados pela leveza, lembro quando ele disse gostar das minhas cores e da maneira como minha roupa andava. Eu usava saia e meia-calça pretas. Blusinha branca, tela para o que a noite pintasse. Os cabelos soltos, ao vento. Sem maquiagens, sem máscaras. Ele me via em cores. Eu era preto e branco. Choviam elipses enquanto borboletas bêbadas iam me perturbando a garganta. Tive uma curiosidade de outros tempos em olhá-lo por dentro. Senti ciúmes. Quis saber sonhá-lo.

Uma mesa esvaziou e tratamos de ocupá-la. Lembro de como ele se levantou, bebendo o mundo a doces goles e tentando falar bonito sobre toda a ausência de sentido em sentir. Me confessou semanas depois que nesse momento, ao me ter mais perto, ele soube que treparíamos dali a alguns dias. Eu também soube. Enquanto ele comia amendoim e Gal cantava Baby, eu soube. Soube ainda quando senti inveja dos seus cílios brincando uns com os outros.

Meu reflexo viveu em suas lentes. E era absurda a quantidade de coisas lindas que iam sendo despejadas em cima daquela mesa plastificada. Meu pedido era que ele houvesse me fundado dentro em si. Era nascer nele, para mim. Meu coração tava batendo. Porra, sabe? Sinais. Sinos. Era um samba, um samba. Era a noite indo embora e um bilhete, quando voltei do banheiro:

Passeia entre os poemas rasgados em cima da mesa,
em nome de cada amor que se ergue nessas paredes manchadas.
Passeia para depois descansar em mim.
Descansa em mim, coração.

Leo

Atrás, um número de telefone. Fiquei por mais alguns minutos. Pensei bobeiras. Pensei em como ele caberia na minha sala, decorando meu apartamento. Tive uma vontade boba de que lavássemos roupas juntos. De tê-lo amassando minha cama. Tive medo de atrasar o amor, de que ele esquecesse de começar. Naquela cadeira de ferro, amarela e gelada, torci cachos inexistentes. Minhas retinas se afogaram, momentaneamente. Engarrafei poesia para ser entregue um dia. Se viesse.

Uma semana depois, telefonei. Leo, Isabela. Apesar de não saber meu nome até então, ele soube que era eu. Nossos dedos se buscaram entre as linhas. Entrelinhas. A vida falada, uns silêncios, nossa respiração se abraçando. Um novo encontro, aqui. Era noite, ele chegou. Eu, ausente de mim que era, cheguei ao mesmo tempo. Pela maneira como o cabelo caiu em minha testa, ele soube: eu estava pronta. Descansar, enfim. Viver de repente pareceu fácil.

Conversamos. Naquela noite, Leo cheirava às reuniões de porta aberta na casa de Vinicius. Um puta cheiro de inefabilidades. Ele segurou minhas mãos. Contei que precisava que ele segurasse minhas mãos. Que entendesse minha ausência de romantismo falado, praticado. Eu só precisava que ele segurasse minha mãos, assim, enquanto ficávamos sentados no corredor do sétimo andar, em frente ao elevador. Era o momento onde meu coração descia para a palma da mão e o amor escorregava para as pontas dos dedos. Ali, eu entregava tudo. Aqui, fico cavando um espaço para poetices. Fico contando, cantando, porque, cara, eu precisava falar disso tudo. Minha língua já não pousava nas palavras que sabia. Era uma anestesia louca de carinhos: todos os amores sendo arrumados para que coubesse ele. Meu amores são todos guardados, na composição deles é onde me encontro.

Naquele dia ele me trouxe uma frase feita com meu nome. Usei de todos os neologismos para traduzi-lo. Ineficaz. Corria o risco de voltar para casa ausente de braços. Ele tentava me ensinar a dizer o amor. Drummond soltou meus cadeados, por ele. Porque, Isa, o amor é isso que você está vendo: hoje beija, amanhã não beija, depois de amanhã é domingo e segunda-feira ninguém sabe o que será. Nós não sabíamos. Mas, hoje beija? Me beija! E ponto. Alcancei seus lábios e cobri todos os nomes que ali moravam. Ele me abraçava rascunhando todos os contornos do meu corpo.

Na manhã seguinte, abri os olhos e havia sido deixado nos lençóis esse eco de sorriso. Paixão saltando da janela. Uma coisa que dizia que a gente deve ser feliz. Uma vontade de viver mais, de se cuidar mais. Uma necessidade de plantar uma flor. Deixou-se, em mim.

Tão mais tarde, descobri-o sendo minha insanidade etílica. Minha ressaca mais lírica. Esvaziar de garrafas, encher de cinzeiros. Equilibrei minha falta de métrica e ele escolheu aconchegar-se em meus cantos. Espalhou-se. Eu precisava muito me encantar absurdamente com qualquer coisa antes que acabasse a sexta-feira. Me encantei. Ele se propôs a deitar entre as vírgulas e pontos desse texto. Tudo era linha nova cosendo meu coração de retalhos.

Talvez ele esteja agora mais distante que as nuvens. As nuvens, as nuvens eu vejo. Aprendi, ali mesmo, a amá-lo poeira. Leo tinha um rosto de primeiro beijo. É lindo sê-lo.

_________________

Isabela já escreveu a Leo,
aqui.
Hoje, escreveu sobre.
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"Em um pulso, o sol; no outro, a lua: as mãos são feitas de céu." [Kerouac, J.]

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