Os delírios verbais me terapeutam.
[Manoel de Barros]
[Manoel de Barros]
Eu conto que é bonita a maneira como o vidro da janela deixa a manhã entrar em meu quarto. Seguro o sol com meus olhos e faço silêncio para ouvir os afetos delicados despertando. O agosto vai passando com sua violência hostil e tudo o que me importa é a poesia.
O que tem me atraído é a vontade bizarra de passar o dia inteiro tomando sorvetes e escrevendo todas as paixões. Por nada e qualquer coisa. Eu me observo e gosto de brincar com as cores no espelho. Encho o corredor da casa com meus bom dias, esqueço alguns sonhos na mesa e abro as portas sorrindo, sempre com um fiapo de amor entre os dentes.
Pelas ruas, entre passos apressados, um vento frio faz estremecer algumas certezas. Esqueço-as. Espalham-se todas pelo bosque onde passo sem nem notar. Já não amo ninguém. A escrita permanece atravessada. Minha língua guarda promessas e alguns planos. Guarda palavras ensaiadas para serem entregues a alguém que nem desconfia. Guarda um potinho de ilusões que espalham um gosto de estrela no céu da boca. É o que me faz sorrir.
Ontem falei de saudades e um cisco nos olhos foi a desculpa para a neblina. Todo o brilho coube no vermelho das pedrinhas desses brincos, flores pequenas que fazem meu rosto querer submergir em meio a um par de olhos escuros sobre os quais escreveria por mera distração. Ou atenção demasiada. Um quintal, um jardim. Par de olhos esses que às vezes se escondem e brincam com o castanho que guardo, pedindo-lhe para que os encontre.
Não me explico, optei por sentir. É como quando as duas mãozinhas delicadas da minha outra menina, pequena, desenham minha face: tudo fica doce. E também diria ainda das cartas que me esperam na cama, uma vez por mês, pintadas de carinhos que saltam tão logo os envelopes são abertos. Minha letra diminuta demora, emudece, e depois responde, apertada, que é para amarrar as coisas mais lindas e remetê-las todas de um jeito muito leve.
Quando me perguntam o porquê das tardes de repente ficarem tão amarelas, eu finjo nem saber, mas desconfio. Sinto logo as amoras estalando em meus dentes, vejo o céu descabelando as nuvens e a felicidade me desarrumando inteira. Efeitos que componho enquanto tento equalizar o silêncio, carícia mais suave.
Em meio a uma imensidão de desejos embaralhados, separo uma história. A da poesia que derramou-se em meu vestido quando o amor adormeceu em meus ombros.
Eu venho por um motivo. Esse, que me alarga os lábios enquanto dá voltinhas alegres em minha boca.
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Por estar, mesmo sem nenhum sentido. Ou todo ele.
Fui ver essa tal de Lulu né.
ResponderExcluirE Ossanha estava lá.
Vi vocês se derramarem tão juntas que fiquei sem saber o que dizer direito.
Me espalhei.
que tempo que eu não venho aqui..é por que eu lembro que quando chegava alguma coisa já tinha ido..ai eu me perdia nas tuas letras e achava melhor calar..mas é bom te dizer que eu gosto demais daqui, e se calo é por que, às vezes, é bem melhor apenas admirar.
ResponderExcluirFlores
Nada como a doçura dessas palavras... vou levá-las no meu soninho.
ResponderExcluirDona moça,
quanto tempo!
perdoe-me a ausência.
O correr da vida tem me deixado sem tempo.
Mais é sempre bom quando venho aqui, e me deparo com tais belezas.
Beijos!!!!!!
Doce que aconchega.
ResponderExcluir"É como quando as duas mãozinhas delicadas da minha outra menina, pequena, desenham minha face: tudo fica doce."
ResponderExcluirLembrei de uma mão que desenhava meu rosto. Mas a mandei embora. Não sei bem ainda por quê. Tomara que a mão que desenhava meu rosto, não tenha levado consigo todo meu amor.
Meu Deus, Jaya! Que texto.
Lindo. Não sei o que te dizer.
Inspira e só.
Ps.: achei seu blog através de uma leitora, quando procurava 'coisas' que falassem sobre plágio. Me foi muito útil. Inclusive, no post que fiz em meu blog sobre o meu "amor estranho", cito seu nome e seu link em agradecimento.
Não apareci antes por aqui justamente por nunca saber o que dizer. Hoje tomei coragem.
Um beijo, querida!
É o que me faz sorrir também, até mesmo nesse agosto com gosto de fracasso.
ResponderExcluirTudo por aqui é sempre lindo!
Beeijos ;*
Olha, eu tinha me prometido que não falaria isso mais. Eu tentei, mas não consegui. A culpa é sua.
ResponderExcluirESCREVE UM LIVRO!
E claro, não se esqueça de sua fá mineira que aguarda um exemplar autografado.
Amo ler você.
Beijos...
eu li seu texto de trás pra frente, e juro, veio na minha cabeça:
ResponderExcluirotto - 6 minutos.
é só isso.
:*
Sempre que venho aqui me deparo com maravilhas vestidas por letras.
ResponderExcluirSeu mundo me acolhe tão bem, Jaya. É o lugar onde me sinto melhor, eu acho. Aqui as palavras fazem carícia.
Vou sentar e beber mais uma. hehe
Tudo lindo, linda.
Beijos.
a lua é adorável, não? e essas palavras caem bem aos olhos.
ResponderExcluirbeijo querida!
"É o que me faz sorrir"..ler você é o que me faz sorrir!
ResponderExcluirTe perdoo quando falo de saudade e te espero.
Deixo pra você F.Pessoa:
"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos."
Muitos beijos, Jaya
Suas metáforas chegam a ser obscenas... constrangedoras.
ResponderExcluirÉ que ler-te é pra gente grande.
Bjos mil
Eu pensei muita coisa pra dizer, eram coisas bonitas. Mas eu me desarmo, Jaya, porque você sabe me ler, e eu não entendo.
ResponderExcluirEu chorei, Jay, porque você me sente junto, e eu tenho uma sorte sem fim por isso. É, morena, o mundo vai juntar duas pontas. Eu tenho uma ponta na Bahia, outra em Porto Alegre. E agora, chegou a vez; de eu assumir a outra ponta. Eu vou aí buscar o pedaço do coração que você roubou, deixar um sorriso, e trazer comigo a falta que seus braços vão me fazer.
Escuta: já tenho, já te dou os meus sinais.
(Sente as minhas mãos suadas e te fazer carinhos de pedaço-arrancado-de-mim?)
O êxtase da contemplação, é o que me fez lembrar o seu texto... a época dourada... quando dedicava mais tempo à observação das coisas belas e simples!
ResponderExcluirHoje contemplo sobre seu belo texto, e é exatamente como no passado...
Muito legal, Jaya!
Bjs!
Eu fico aqui pensando como você consegue expressar tantos sentimentos juntos em algumas palavras. Como pode usar tão bem de metáforas, como pode escrever sobre sentimentos que a gente nem percebe sentir, ou como pode falar tão bem sobre todas as coisas. E só uma coisa me vem à mente: TALENTO! Você tem um dom, querida: escreve de um modo que faz com que tuas palavras sejam as palavras de todos os leitores também. Como se ao escrever, pudesse nos ler!
ResponderExcluirum beijo grande!
Ah, minha amora.
ResponderExcluirHoje fiquei sem palavras para descrever tamanha doçura.
Seja sempre doce, para que tuas palavras me acolham sempre que eu precisar, no lugar do teu abraço que, infelizmente, não posso tê-lo.
Sinto-me abraçada toda vez que venho aqui.
E estou bem, fui exagerada no texto. Final das contas, a história não tinha nada a ver com nosso relacionamento. rs É errando que se aprende :)
Sinto sua falta.
Um beijo
Minha querida...
ResponderExcluirsaudades daqui... saudades suas...
tb não sei pq minhas tardes ficaram amarelas... mas, descofio
bjos moça bonita
Otimo fim de semana
Lindo o caminho que as suas palavras doces percorrem, Jaya.
ResponderExcluirUm beijo, na alma.
Fico impressionada com a facilidade que você lida com as palavras e as trasformam em textos maravilhosos como este que acabei de ler!
ResponderExcluir" Não me explico, optei por sentir"
Esta certa, o importante é sentir, ser feliz!
Perfeito esse post, amei!
bjos
"Guarda palavras ensaiadas para serem entregues a alguém que nem desconfia. Guarda um potinho de ilusões que espalham um gosto de estrela no céu da boca. É o que me faz sorrir."
ResponderExcluir[sinto sua falta.]
Toda vez que venho aqui e me deparo com a sua exuberante sensibilidade eu que me desarmo com a profundidade tão afetuosa que tu utiliza em cada frase. Ainda é um mistério pra mim esse encanto que tu derrama sobre a minha alma.
ResponderExcluirPorém, é um dos mistérios que mais amo, pela sensibilidade tão fantástica que se faz presente. Tão singela e suave nas declarações belas da poesia viva.
Você nunca vai perder essa maestria, que te faz tão especial Jaya.
Nunca vou me cansar de te admirar sempre.
Beijos floridos.
Te adoro!
Doce! Você cabe inteira nessa palavra e transborda nos teus textos trazendo doçura pra vida de quem te lê.
ResponderExcluirbeijos, beijos e mais beijos :)
p.s.: nunca foi tão difícil de deixar um comentário aqui u_U
E teu peito transborda gotas de um orvalho dourado de amor... e brilha tanto, daqui posso ver...
ResponderExcluirUm beijo flor de liz!!!
É pra ler com um sorriso largo.
ResponderExcluirCada letrinha doce. É sempre agradável te ler Jaya, é de uma leveza boa. Sei que minhas palavras são singelas, mas é que não sei o que escrever diante de tudo isso. Belo!
Você é linda!
Obrigada por teu comentário.
Abençoada semana.
Beijos!
Nessa minha ausência perdi dois novos textos seus, tratei de ler rapidinho.
ResponderExcluir"Não explico, optei por sentir" - Sentir, Jaya, e tranformar cada um delicadamente em doces e lindas palavras é dom, como disse a Michele, é talento...
Um beijo enorme!
Como acalma o peito essas palavras, tão doces, não escondem o amor que existe.É como se um abraço aconchegante nos pegasse de surpresa quando terminamos de ler, é de uma beleza incotestável. Conheci seu blog hoje! Encantada!
ResponderExcluirBeijos
"Em meio a uma imensidão de desejos embaralhados, separo uma história. A da poesia que derramou-se em meu vestido quando o amor adormeceu em meus ombros."
ResponderExcluirJaya, SUA LINDA!
Bjs!
Eu tinha certeza que você entendia de nuvens...
ResponderExcluirAinda que o céu as descabelem e as deixem cheias de contusões.
No primor de tuas mãos todo o universo se ajeita.
A propósito, aquela nuvem ali não é um jacaré? rs
Um beijo sensualíssimo arranjo floral de Jaya.
Eu vi censura aqui? Ahhhhh
ResponderExcluirE eu me top, top, top pq? (o que eu fiz dessa vez? =P)
E top, top, top, só se for na escada. Bora?
Ok, a gente troca o "só se for" por um "se for também" e tudo certo!
ResponderExcluirsabe Jaya, uma das coisas que mais me admira na vida é a simplicidade. Longe de mim dizer que esse texto está simples, pelo contrário, ele é uma obra-prima, mas sim a simplicidade de sua personagem. Ela parece ver a vida como uma coisa bonita, e ela é, mas infelizmente muitas pessoas não veem isso.
ResponderExcluirGrande beijo.
Seu admirador
a saudade parece que ficou maior, tamanho do mundo.
ResponderExcluirJaya,há tempos que venho te seguindo e te indicando pro mundo porém, nunca antes havia comentado.Raramente comento.Parece-me, por vezes,um ato invasivo mas, é impossível não expressar o quanto você faz o mundo parecer mais bonito do que já é.Cuide-se sempre. Seja feliz!
ResponderExcluirLindo!!!
ResponderExcluirAmei!!!
Bjs
Lu,
ResponderExcluirInvade sempre. O mais bonito cabe inteiro em você, que é quem dá o tom do que enxerga.
Sejamos felizes.
Jaya, faz 'muito' tempo que não pouso no teu cantinho.
ResponderExcluirAve rara, como é belo o que leio e re-leio em silêncio sem saber o que fazer novamente em leitura, pois é prenúncio de madrugada e me é solicitado silêncio torturante, afinal seu escrito clama à declamação.
Será que poderias me enviar este escrito, para que eu possa postá-lo no meu jardim? Claro se me permitires a postagem!
pri_caliga@hotmail.com
Abraços
Priscila Cáliga
Lindo a sua postagem, estou em extase em tanta inspiração que vem de ti.
ResponderExcluirJá estou lhe seguindo, bjsss,
Hubner Braz
hubnerbraz.blogspot.com
Os arranjos tão convidativos que não se sai do habitat da conjugação plena, na qual a sola do sapato gruda no sangue exposto ao chão, e marca as vestes em carícias com reconto das minúncias do morango. Da chuva não foge e a ponta do lápis observa, pois as pálpebras com assumido pincel num trajeto que descamisa o habitual à caminho da palma de mãos dois em um: uno. O perfumar do mar que levanta o morto em vibrantes cores. Do olhar penetrante da face beijada aos livros que se abrem e declamam profecias, intensamente absorvido a linha entrelinhada, se está na compreensão infinda dos acordes do violino apregoado no romper da aurora.
ResponderExcluirPriscila Cáliga
Vou me calar, pois sempre me torno repetitiva demais.
ResponderExcluirTeu blog ficou aberto em minha janela tarde toda e não consegui rearranjar as ideias para te dizer algo que valesse à pena.
'tá lindo, 'tá suave. Sutil.
Te gosto.
Ah Linda Jaya!
ResponderExcluirSempre venho aqui reler. Leio. Suspiro!
Tão eu. Um beijo
Jayaaaaaaa,
ResponderExcluiré sou eu, passando de uma leitora - que embora assídua - anônima, para uma que vem expor todas as delícias sentidas por seus textos belos.
Textos que de fato inspiram. Me inspiram.
- Uma tarde qualquer, em uma mesa qualquer de um café:
Tai: Eu tenho vontade de ter um blog, mas acho que iria me tomar muito tempo.
Jaya: Pelo contrário. Te economiza tempo.
Hoje: Fato que me economizo e me expando.
Poucas palavras bastam pra você.
Beijoos
Um dia, eu juro, te roubo, passo o dia contigo e te devolvo só depois de te ligar e pedir resgate.
ResponderExcluirVou pedir uma mechinha do teu cabelo e uma poesia em forma de bilhete.
E só assim te libertarei. Porque terei levado comigo arte: uma parte de tua parte.
Nossa, eu amo Manoel de Barros.
ResponderExcluirFOI DESSE JEITO QUE EU OUVI DIZER... e MEU CADERNO DE POESIAS desejam um bom dia para você.
Saudações Educacionais !
hahaha, realmente não. O meu monitor está embassado, precisando de um novo. Agora que prestei mais atenção. Desculpe. A letra está extremamente clara para mim e as palavras meio disformes.
ResponderExcluirtenho que providenciar um monitor, estou acabando com a minha vista.
Juro que ainda não tomei a primeira dose (rs).
ResponderExcluirbeijo
Uma lindeza, Jaya! Senti cada palavrinha, cada doce...
ResponderExcluirLindo!
Muito bonito. Realmente eu não havia prestado atenção na citação. Me desculpe, já está arrumado.
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