Só venha se for para entregar amor. Fotografe, se
puder me revelar o coração. Só olhe aquilo que possibilite enxergar além. Se tropeçar,
pare um pouco e recomece diferente. Se o caminho agrada, enfeite-o cada vez
mais. Se a cerveja é gelada, divida o copo. Se a paixão é quente, divida o
corpo. Se for para descer do salto, que seja apenas para dançarmos aquele
samba. Se for de inspirar, que seja poesia. E na hora de respirar, que os
pulmões se alimentem de azul. Em qualquer composição, que exista um pouco de
loucura. E quando a vida enlouquecer, que os delírios tragam sol.
Só grite se tiver fôlego para rasgar a garganta. Só cause algum efeito se estiver disposto a suportar minhas declarações. Acenda uma fogueira se decidir enfrentar minhas chamas. Voa, se não tiver medo de alcançar todo o imensurável tamanho do meu céu. E se for bater asas, chegue devagarzinho, porque delicadeza mora é na falta de pressa. Se for ter pressa, que seja de viver. Quando estivermos vivendo, que sejamos intensos o suficiente para existirmos. E que existamos, sem hesitar, pois é importante transcender.
Que nas noites de verão brote um jasmim no
travesseiro, para que se benzam os sonhos. Que nas manhãs de inverno pulsem
girassóis em cada veia, porque é preciso que se brilhe assim muito amarelo em
meio aos dias cinzas. Que quando alguma coisa for explodir, que seja para renascer mais doce.
Ao somar 1+1, que o resultado seja você e eu. Se tudo for muito correto, que as
teorias se desalinhem. E se o universo é tão infinito, que caiam os pontos finais.
Só segure minhas mãos se estiver disposto a
caminhar pelos meandros das minhas estradas. Faça música quando descobrir o
mais alto volume do meu silêncio. Que minha gargalhada ecoe tão
escandalosamente, que faça rir quem nela se esbarrar. E se for para esbarrar, que
seja numa alma macia, cheia de permissão para fundir-se em. Se for para morar, escolha
essa artéria mais bonita, onde habita a bateria do que me move. E se for para
escolher, sempre escolha a mim.
Se me encontrar chorando, traga uma aquarela para
os meus cílios tentarem uma nova imagem. Quando eu precisar ser muito celeste, que você também
vire estrela. Se for escrever um livro, fale sempre sobre o amor. Quando for falar de amor, sinta. E quando for sentir, que a entrega seja absurda. Se for seguir um ritmo, que
seja o dos meus passos. Se for contabilizar, que se enumere cada suspiro meu ao
pensar em você. E se for pensar, viaje. Se for para fazer hora, que você seja
relógio e meus braços, ponteiros que ali passeiam. E se chegar atrasado, me reinicie para ser sempre tempo.
Se não for me levar a sério, não brinque comigo. Se
for reparar, repare em tudo o que não digo. Se quiser fugir, leve nossa
história na bagagem. Se resolver ficar, que fujamos um para dentro do outro. E
se for para fazer história, que ela só tenha começos. Quando for começar, meu
bem, alucine. Quando alucinar, faça uma loucura tão castanha quanto nossos olhos. É no teu olhar que mora o meu reflexo. Se for para ser espelho, que
seja da parte mais esotérica de tudo. E se for bonito assim, é porque já é.
E que seja.