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Jaya Magalhães


No mundo, tudo tem sua razão de ser, mesmo quando ainda nem sabe que é. Poesia cresce que nem mato, em todo lugarzinho que acha brecha. Quando a gente deixa de enxergar o bonito de algum momento, é porque precisa trocar de lente. É fato muito bem sabido, veja bem, que um sorriso acende qualquer dia muito escuro. Poesia e sorriso - quando a gente mistura tudo isso, geralmente está falando de amor. E no mundo, Maria, tudo o que é, ama. Bastou ser e lá está um coração pulsando. E nesse universo imenso, até de olho fechado dá pra ver: amor é o que movimenta.

Penso eu, Mariazinha, que poesia somos todos. Individualmente somos versos, lapidados cada um para caber num poema. Esse poema é a família. E quando um poema é tão bem escrito, a ponto de fazer caber no verso uma porção de sentimento bom, surge necessidade de extensão. A gente entende que a parte mais doce do que se sente precisa ser dividida, porque é sim muito importante que exista uma história de dois a ser contada. Esse par passa a ser um soneto – quartetos e tercetos nascem conforme o tom dos passos seguintes. Se o futuro quiser, novos poemas serão feitos. Tudo sempre entrelaçado. O mundo é esse poeta silencioso, mas não deixa nunca de escrever. Pontua tudo com estrelas, porque as noites não precisam ser tão sérias assim. A lua chega quando se está em festa.

Olha então o mar, Maria. É um grande exemplo de como tudo por aqui é encantado. Impossível não acreditar que ele é inteiro aparelhado de mágica. Suas formas são todas. As ondas parecem indecisas, indo e voltando o tempo todo. Mas o que é a vida senão esse eterno ciclo de chegadas e despedidas? O que ninguém conta eu te sussurro: quando o mundo foi construído, a correria na distribuição de tudo era tão grande que, quando o prazo foi encerrado, uma pessoa percebeu a quantidade imensa de coisas lindas que ficariam para trás. Daí então ela misturou tudo e fez desaguar. Penso eu que num descuido deixou cair junto seu coração. É esse o motivo pelo qual todos se apaixonam e não se cansam de admirá-lo. O mar, dona Maria, é também amor – profundo, infinito, indomável e azulzinho. Às vezes ele é só um espelho do céu. Ou seu.

Viver é ser um pouco passarinho e borboleta – cuidado e metamorfose, mas sempre com muitas asas. Viver é natureza, fazer colheita de tudo o que se planta. Estar aqui é muito rápido, Mariazinha. Daqui a pouco o mundo é outro, porque o tempo não tem muita paciência para esperar. Daí então a gente constrói nosso próprio relógio. Cada um no seu momento, sim. Mas quem controla os ponteiros é mistério sem nome. Então aproveita, menina. Carregue bem todas as tuas horas. Faça uma música para os instantes, quem sabe eles não deixem tudo passar mais devagarinho quando for tempo só de amar? Não se preocupe com rumos, minha Maria. O sol sempre nasce para tudo desabrochar. Afinal não somos todos também flores? Então vai. Voa. Os caminhos não deixam de ser delicados para quem tem esse excesso de nascença de enfeites dentro de si.

Quanto a mim, sobra essa certeza de saber muito sobre coisa nenhuma. Mas de amor eu sempre falo. Porque sinto. E amo entendendo tudo, porque não sei. 

Amor é a poesia do que se sente, Maria.
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