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Jaya Magalhães

Eu sei que o tempo anda difícil
e a vida tropeçando
mas se a gente vai juntinho, vai bem.
Eu não sei se você sabe
mas eu ando aqui tentando
e a gente tem o eterno amor de além.

(Olha só, moreno - Mallu Magalhães)

Dezembro nunca foi um mês fácil. É a época onde algumas coisas vêm para a superfície e começam a latejar ao mesmo tempo em que os enfeites de Natal saem das suas caixas para enfeitar o mundo. Em dezembro meu coração sempre perde o compasso e a vida segue um tanto desafinada. Apesar de, você sabe que gosto de montar a árvore com a família reunida e retratar mais um momento de abraço e comunhão de amor, mesmo com a melancolia me absorvendo sem avisos.

Não durmo noites inteiras há algumas semanas, repasso a vida a limpo sempre que o ano vai chegando ao fim e às vezes não consigo segurar todo esse imenso peso de sermos. As olheiras denunciam essa insistência em fazer as contas de uma matemática que nunca terá lógica. A ansiedade não me deixa fechar os olhos e sonhar acordada é um desconforto do qual não consigo me desvincular. Esse ano foi mais difícil que todos os outros, mas poderia ter sido pior se não houvesse você para segurar todas essas ondas mais selvagens ao meu lado.

Obrigada por me ensinar um pouco mais sobre parceria. Por me dar forças para continuar remando. Por fazer sol em todos os dias onde chovi desprevenidamente e sem intervalos. Obrigada por me pegar pelas mãos e me levar por um caminho diferente enquanto improvisava um passo de dança no meio de qualquer rua. Obrigada por rasgar a seriedade do meu rosto com os melhores sorrisos que alguém poderia ter de mim. Por encostar tão perto do que sou, desse jeito tão seu, sem curvas, dispensando meandros, sabendo exatamente o que preciso para não atrofiar essas asas que insisto em preservar.

Obrigada por me abraçar sem deixar escapar nenhum pedaço - sinto toda essa proteção porque já entendi que o teu amor é o manto onde me sinto mais confortável ao ser coberta. Obrigada por tentar aprender sobre as minhas loucuras e não questionar tanto assim a falta de explicação para o que nem eu mesma consigo dizer. Obrigada por me apontar a direção quando todas as minhas bússolas falham. Por não me deixar desviar do tão cansativo caminho que insisto em seguir. Por acreditar em mim de um jeito tão bonito – saiba que às vezes você enxerga o que ainda nem sou e isso me motiva a tentar sê-lo, e acabo sendo. Obrigada por me ver tão grande, tão possível, tão vocêpodesertudooquequiser – porque às vezes esqueço mesmo e você é sempre esse espelho que insiste em me mostrar o melhor tom para existir. Eu te olho e a vida é boa de novo.

Obrigada por mais um ano lado a lado. Por aceitar a minha família como extensão do que sou e receber de braços abertos todas as coisas lindas que escolheram entregar a você. Obrigada por cuidar de tudo o que amo como se fosse também um amor seu – e alguns acabaram mesmo sendo. Obrigada por me mostrar porque decidi estar aqui. Porque continuo a escolher, todos os dias, estar aqui. Por deixar o meu copo sempre cheio, a minha boca sempre com um beijo e o meu corpo inteiro preenchido desse sentimento tão maluco e intenso que, mesmo quando oscila, eu ainda quero sentir. E sinto. Por você.

Obrigada por todos os dezembros que superamos, principalmente o último. Por todas as mudanças que vivemos juntos. Todas as crises que a vida real trouxe e que domamos de pés firmes. Essa nossa evolução a dois tem sido o maior aprendizado que já tive sobre todas as coisas da vida - e ainda assim não é nada, perto do tanto de mundo que nos espera. Obrigada por querer ser sempre mais, por você, por mim, pela gente. Obrigada por nunca deixar nada apagar essa sua luz tão intensa que me faz brilhar inteira. Obrigada por me aceitar e me permitir carregá-lo por todas essas estradas por onde tenho passado. O meu presente é você. Em todos os sentidos. Em todos os dezembros.

Eu te olho, meu amor, e esse tão incômodo último mês de todos os anos fica querendo ser um mês diferente, cheio de recomeços e histórias felizes. Penso até em enfeitá-lo com alguma poesia futura. Só por causa de você. Eu vou.

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"Em um pulso, o sol; no outro, a lua: as mãos são feitas de céu." [Kerouac, J.]
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